segunda-feira, janeiro 31

ECOS DO REGICIDIO DE LISBOA!

"O regicídio de Lisboa abalava a sociedade paulistana numa só e única demonstração de mágoas. Apesar de chegarem-nos as notícias aos poucos, sem maiores minúcias, a todos preocupou visivelmente o funesto fim do monarca português e de seu filho, o príncipe real; e, com o decorrer das horas, quanto mais se espalhava a infausta comunicação, tanto maior se tornava o sentimento de tristeza na massa popular (...)as ruas, desde o amanhecer de ontem, demonstravam o luto que se apossava da população, conhecido que fora o revoltante acontecimento. Por toda a parte, nas arcadas dos edifícios públicos e particulares, abatiam-se em funeral os pavilhões e à frente das redacções, num pasmo e numa curiosidade, atropelava-se a turba de populares, à busca de notícias, cada qual deixando entrever nas fisionomias a emoção desse pesar fundo e verdadeiro que só um caso como esse poderia ocasionar." 

 Correio Paulistano, órgão do Partido Republicano, Brasil 

"Mas era um tirano o rei que mataram? Tirano o jovem príncipe de 20 anos, exuberante primavera que só pode sorrir? Oh, retórica de Brutos, envenenados de frases, saturados de ódio imbecil. Mesmo se o rei fosse culpado - e isso está longe de ser provado - e que o filho estivesse preparado para ser culpado arbitrariamente, as vossas pistolas e as vossas carabinas absolveram-nos." 

Corriere della Sera. Roma, 3 de Fevereiro de 1908

"Londres ficou estupefacta e horrorizada, esta manhã, com as notícias enviadas de urgência a partir de Lisboa pela agência Reuters às primeiras horas da madrugada (...) Homens públicos e cidadãos privados, ricos e pobres, aristocratas e plebeus, todos estavam irmanados ao deplorarem profundamente o assassínio e na solidariedade com a família do monarca morto, que, tendo visitado a Inglaterra frequentemente, era muito conhecido e popular neste país." 

The Liverpool Courier, 2 de Fevereiro de 1908 


"Apesar das tentativas de atribuir o assassínio do rei e do príncipe herdeiro a planos anarquistas, é evidente que entre os autores do atentado há só portugueses. A forma do atentado não faz pensar numa origem anarquista. De facto, já devem ter encontrado provas de uma conspiração militar republicana." 

Die Volksbote, semanário socialista de Viena, 7 de Fevereiro de 1908


"O horrível drama de Lisboa, página trágica da História, sangrento episódio da luta de um povo e dos seus governantes, desencadeou em todo o mundo civilizado uma reprovação unânime. Tais crimes não se podem desculpar pela paixão política, e aqueles que ao virar da esquina, atiram sobre um soberano não podem aspirar a ter outro nome que não o de assassinos.(...) Todo o comentário é, de resto, supérfluo quando se trata de semelhantes actos, tão bárbaros quanto inúteis, dado que o soberano desaparecido deixa, no próprio terreno, um sucessor." 

Le Petit Journal, Paris, 3 de Fevereiro de 1908  

3 comentários:

Carlos Alberto disse...

Se o Socrates fosse vivo em 1908 o que teria acontecido pela voz do 'clone' Pereira ou o ASS seria: Sua Magestade suicidou-se esta manhã em pelo Terreiro do Paço como forma de demonstrar o quanto pretende frisar que o povo português escolheu a estabilidade governativa...

hã... que tal? Posso ser o novo ministro da Defesa ou não?

editor69 disse...

Ahahahahahahaha...Parabéns...sim seria qualquer coisa como essa...muito bom...
para minsitro...JÁ.
O problema mesmo foi como disse Antonio Sardinha..."Foi rei D.Carlos um antecipado e por isso foi assassinado para que a desordem e a mediocridade pudessem continuar a campear."

Nuno Castelo-Branco disse...

Talvez fosse assim:

"S.M. , num admirável movimento de contorcionismo, conseguiu desfechar um tiro à queima roupa na sua nuca, brandindo uma carabina Winchester. O príncipe real sofreu com o ricochete da bala. A rainha cheirou um ramo de rosas e o infante D. Manuel arranhou-se num braço. O ministro da administração interna já louvou a prontidão da psp em tomar nota das ocorrências. por acidente, dois inocentes populares presentes, foram também feridos pelo ricochete da mesma bala.
Lamentáveis acidentes que indicam a necessidade de o governo aumentar a vigilância domiciliária, a conta bancária dos cidadãos e a hora dos passeios citadinos..."