"para resolver os problemas de Portugal basta tirar o vermelho da bandeira nacional".
De Fernando Pessoa para o
"(...) E o regime está, na verdade, expresso naquele ignóbil trapo que, imposto por uma reduzidíssima minoria de esfarrapados morais, nos serve de bandeira nacional – trapo contrário à heráldica e à estética porque duas cores se justapõem sem intervenção de um metal e porque é a mais feia coisa que se pode inventar em cor. Está ali contudo a alma do republicanismo português – o encarnado do sangue que derramaram e fizeram derramar, o verde da erva de que por direito mental devem alimentar-se."
7 comentários:
O vermelho da bandeira não representa o sangue nem o verde a esperança no que quer que seja.
O vermelho da bandeira representa a igualdade inspirada nas revoluções sociais do final do século XIX- inicio do século XX enquanto o verde representa o positivismo e assim o progresso.
Interessante ver que, no maior simbolo nacional, ou seja a bandeira (o hino é e sempre foi coisa para empolgar quem não sabe contemplar), não existe real revolução mas antes uma "reforma" visto o escudo ter sido guardado, quando em muitas outras bandeiras republicanas o escudo nacional monarquico desapareceu por completo. Por outras palavras, existe uma continuidade no tempo apesar das contigências da realidade... concepção muito propria à... monarquia.
A presença da esfera armilar (principal mudança, com a alteração das cores), por seu lado, é um enriquecimento em relação à bandeira da monarquia. Faltava a esta o universalismo que a esfera representa e que està bem vincado na identidade portuguesa (assim de repente não sei dizer se alguma bandeira monarquica alguma vez representou o mundo... provavelmente até porque a coroa tornou-se a coroa do Quinto Império).
Não deixa de ser curioso que as duas unicas bandeiras que têm o mundo simbolizado na bandeira seja a bandeira portuguesa e a brasileira, duas bandeiras positivistas e socias (o verde e o vermelho na bandeira portuguesa, o verde e o lema "ordem e progresso" na bandeira brasileira).
Sobre o Fernando Pessoa, ele não era anti-republicano mesmo se ele considerava que o regime monarquico era mais adaptado à natureza imperial de Portugal.
O que o repulsava profundamnte era o espirito social do inicio do século e a crença na igualdade entre os individus. Para ele os individus não são iguais e dar a mesma responsabilidade de decisão a um ignorante do que a uma pessoa de consciência (o que a democracia do sufragio universal faz) era puxar fatalmente o pais para baixo. Como ele proprio dizia, ele era um liberal com espirito aristocratico, a responsabilidade na governação devendo ser dada aos melhores... que contudo não pertencem necessariamente à linha real.
Sou profundamente republicano. Contudo penso que o republicanismo em Portugal foi um erro da forma como foi feito. Um erro desde o seu nascimento pois os fundadores da republica tiveram a ilusão que podiam "colar" um sistema estrangeiro (o da Republica Francesa) à realidade portuguesa.
O Republica francesa funcionou em França pois tratou-se efectivamente de uma revolução que provocou uma mudança radical na realidade existencial mas igualmente ontologica da França. Em Portugal nada disso aconteceu (e ainda bem). A identidade portuguesa não mudou com a implantação da republica e por essa mesma razão a Republica deveria ter sido adaptada à natureza de Portugal, o que não foi feito : é de um enorme provincianismo adoptar modelos estrangeiros, acreditando que eles são melhores... por serem estrangeiros, sem pensar naquilo que somos. Foi o que a Republica Portuguesa fez.
Bons comentários.
Parabéns.
Contudo ;)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Flag_United_Kingdom_Portugal_Brazil_Algarves.svg
Pois, não tinha conhecimento desse escudo.
Pois. Há tanta coisa que desconhecemos ;)
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